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[Para dono da Cyrela, setor já superou crise da pandemia]

Para dono da Cyrela, setor já superou crise da pandemia

Elie Horn, fundador da Cyrela, ressaltou o estímulo dos juros baixos no país para a compra de imóveis

O mercado imobiliário conseguiu passar, rapidamente, pela crise decorrente da pandemia de coronavírus e vive, atualmente, um reaquecimento, impulsionado pelos juros baixos no país, na avaliação do fundador da Cyrela e presidente do conselho de administração, Elie Horn. “Foi uma crise rápida. Neste minuto, não estamos em crise”, disse, nesta quinta-feira (20), ao participar da Live do Valor.

“Hoje, não tem inflação, o CDI está muito barato, então comprar imóvel é bom, melhor do que ter dinheiro no banco, que não vai render nada. Outro fator é que, por alguns meses, também não houve lançamentos, então faltaram produtos”, disse. Segundo Horn, mesmo que a fatia do aluguel em relação ao valor do imóvel tenha caído de 14% para 5%, esse rendimento é bem maior do que o da renda fixa.

Aos 76 anos, o empresário viveu muitas crises no setor e na economia brasileira. Segundo ele, “a crise tem origem divina” com a finalidade de aprendizado e crescimento. “O mundo sem crise não existe. Cada uma tem um gosto diferente, mas no fim são crises”, afirmou.

Horn defende que, para sobreviver, as empresas precisam ter fluxo de caixa adequado. Na Cyrela, isso significa, conforme afirmou, ter fôlego para conseguir terminar obras e pagar o financiamento aos bancos mesmo se não vender nada pelo período de quatro a oito meses. “Quem quebra é porque é inflexível, porque acha que é Deus”, disse ele, acrescentando que é preciso ser humilde e procurar a verdade junto a outras pessoas.

O empresário avalia que o mercado atual é “parcialmente propício” para aberturas de capital, possibilidade que diversas empresas do setor estão buscando, entre elas três em que dais a Cyrela participa – Cury, a Plano & Plano e Lavvi.

No entendimento de Horn, sobreviverão as boas companhias. “O mercado no Brasil é pequeno ainda. Se o país crescer, o mercado vai crescer também. Entre 2007 e 2010, houve uma enxurrada de novas ofertas. Alguns sobreviveram e outros fecharam. Vão ter mais empresas de capital aberto. As boas vão ficar vivas, e as fracas vão se enfraquecer”, disse. A Cyrela abriu seu capital em 2005, sendo uma das pioneiras do setor. A listagem contribuiu para a companhia se consolidar como uma das principais do mercado.

Segundo o empresário, os últimos três meses têm sido “muito bons” para a Cyrela”. A incorporadora atua com três marcas – Cyrela, no alto padrão -, Living – no médio – e Vivaz – no programa Minha Casa, Minha Vida.

O empresário contou que acredita que o programa habitacional popular do governo ainda terá futuro. “É a cara do Brasil. [Em relação a] classe média, classe alta, normal, em termos de demanda, mas o Minha Casa, Minha Vida vai ter muita demanda”, disse. A Vivaz está “indo muito bem”, acrescentou.

Em relação à proposta de fusão feita pela Gafisa à Tecnisa, na qual a Cyrela tem participação, Horn disse que não tinha informações. “Escutei falar sobre isso agora. A Tecnisa é uma empresa muito séria, e o presidente do conselho [Meyer Nigri, fundador], uma pessoa muito competente e muito inteligente. A Gafisa teve muitos problemas. Chegou a ser número um do país por muitos anos. Infelizmente apanhou por falta de provisões, falta de fluxo de caixa adequado. A fusão faria bem? Não sei”, afirmou.

Isolado em casa por conta da pandemia, Horn conta que acorda por volta das 4h30, 5h00 da manhã para ler. Na sequência, faz sua ginástica diária e, às vezes, natação em seguida. O “home office” diário dura de dez a onze horas. Três horas são dedicadas ao trabalho, e a maior parte do tempo, à filantropia “Estou adorando o Zoom. Há seis meses, não sabia mexer no computador. Sempre tive secretária perto, mas não tenho mais, e aprendi sozinho”, diz o empresário.

Apesar de ter se adaptado à nova rotina, Horn afirma que prefere o escritório e acredita no futuro do mercado. “Hoje, o ‘home office’ está na moda porque não há opção, mas eu prefiro a Faria Lima [principal endereço de escritórios comerciais de alto padrão da cidade de São Paulo], porque tem mais vida, mais social, contato, intercâmbio. O isolamento ajuda a pensar, não ajuda a fazer negócios. Para fazer negócios tem de ver gente, conversar. Quero achar que o escritório tem espaço no futuro.”

Foi apostando no segmento que a Cyrela Commercial Properties (CCP) – da qual Horn preside o conselho – comprou, juntamente com o fundo canadense CPPIB, há seis meses, dois prédios comerciais de alto padrão ao lado do shopping JK Iguatemi, em São Paulo.

A CCP também está presente em shopping centers, segmento que, “infelizmente”, segundo Horn, sofreu por causa do “e-commerce”. Ele ressaltou que, no Brasil, os shoppings são um centro de lazer e não só de compras. Segundo o empresário, a CCP pretende voltar ao segmento de galpões.

Há alguns anos, Horn passou a investir também em saúde. O empresário é sócio da Hospital Care, holding que pretende fazer mais aquisições de hospitais. “Nosso apetite por crescer é grande. Nossa vontade de ganhar dinheiro é muito grande. Quero ganhar muito e doar mais ainda”, afirmou.

Nascido na Síria em 1944, país deixado por sua família quando Horn tinha seis meses, ele passou pelo Líbano e Itália antes de chegar ao Brasil em 1955. Seu pai foi o inspirador do que o fundador da Cyrela chama de “a arte de doar”. O empresário defendeu que se faça o bem o ano todo e não só na crise. “O pobre não come só quando tem crise. Tem de comer todo dia.”

Questionado sobre como vê a gestão da saúde pelo governo, Horn, arredio a falar sobre política, preferiu não se manifestar. O empresário elogiou o ministro da Economia, Paulo Guedes, que foi seu sócio no fundo Crescera, que deu origem à Hospital Care. “Ele tem muito bom senso e capacidade de fazer o país sair da crise. É preciso todo mundo remar junto.”

Fonte: Valor Econômico

“Assim como a simbologia das borboletas são as etapas de evolução das obras e a Lagon surge com esse conceito forte de transformação e renovação.”